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Miguel Patrício -

PACIÊNCIA

Existem vários jogos de baralho; todos interessantes. Servem para passar o tempo e, realmente, quando uma partida está animada, nem se vê o tempo passar. Excetuando as apostas, que podem trazer perdas consideráveis, é um bom divertimento; no entanto, tenho minhas restrições a quase todos eles, principalmente os coletivos. O problema é que, como a maioria das pessoas, eu não gosto de perder e, quando ganho, tenho pena do adversário. Nessa encruzilhada, se espalho o baralho sobre a mesa, resta-me apenas um jogo, o jogo de paciência.

Ele me agrada, pois apresenta várias diferenças dos demais. Para começar, não tenho concorrentes. Então, se eu perder, perco para mim mesmo e naturalmente a derrota se torna mais fácil de aceitar. Além disso, não ouço gozações e nem vejo sorrisos zombeteiros à minha volta. Se eu ganhar, não preciso sentir as dores do meu adversário já que este não existe. Aliás, nesse jogo nem parceiro existe, portanto, se eu cometer alguma falha numa jogada qualquer, não tenho que me desculpar com alguém. Veja só que tranquilidade: jogo sem a preocupação de ter sentado ao meu lado aquele incômodo medo de errar.

A paciência é mesmo o melhor jogo de baralho que inventaram. Sem pessoas ao redor, não há barulho, nada que possa tirar a concentração. Nem mesmo o desagradável “sapo” aparece, já que esse tipo gosta mesmo é de movimento, de uma boa farra. Acrescento aí o sossego de nem repartir meu sorvete de chocolate sempre presente ali no canto da mesa. Outro detalhe importante é que não se fala em pressa para jogar; não há alguém esperando o seu descarte. Pode-se desenvolver o lance com calma, estudando cada passo com paciência, aliás, esse é o nome do jogo.

Mais um fator relevante para mim é que posso começar e terminar a rodada quando quiser. Num jogo com vários participantes, torna-se trabalhoso, chato até, encontrar um horário de início que atenda a todos e, mais chato ainda, é ter que permanecer na mesa, esperando pela vontade dos outros, já cansado, com a paciência esgotada. Gente, o melhor desse jogo é que posso até efetuar altas apostas, pois saio sempre lucrando. Eu explico: se ganhar, já é tudo meu; se perder, entrego a bolada para mim mesmo. Na paciência, ao baralhar e distribuir as cartas, distribuo a certeza de que vou encontrar a paz e a alegria procuradas. É um jogo agradável, sereno, harmonioso, paciencioso...

Ah, e se me sobra um tempinho por aí e estou longe das cartas, basta ligar o celular. Ele está lá, instalado, esperando o toque inicial. Nem é preciso dizer mais nada, mas esclareço àqueles que não o conhecem, que é um jogo de fácil aprendizagem. Exercita a sua paciência e valoriza a sua tranquilidade. Bom divertimento!

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