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CARTÃO SOCIAL

Desde quando existiu a primeira união entre homem e mulher, de papel passado ou não, os casos que acontecem nessa relação são motivos de chacota na sociedade, principalmente aqueles que evidenciam as atitudes da mulher. Mesmo em tom de brincadeira, os relatos a esse respeito têm um fundo de verdade e demonstram o quanto é difícil a convivência com o sexo feminino, afirmando ao homem o mau negócio que ele fez. Nem a simbólica figura de Adão escapa de uma charge, de um texto cômico a partir do momento em que passou a dividir com Eva o paraíso.

Aliás, dividir é a palavra-chave no casamento. Nessa operação matemática, o macho sempre leva prejuízo. Adão, por exemplo, já começou seu idílio perdendo um pedaço da costela. Enquanto o homem se preocupa apenas com sexo, cerveja e jogo de futebol, a mulher usa o seu tempo arquitetando projetos, construindo esquemas, tecendo mecanismos que fatalmente trarão resultados vantajosos no final do mês. O pobre coitado analisa profundamente a tática do Flamengo na luta para vencer os adversários e não enxerga a eficiente manobra feminina utilizada paralelamente para esvaziar sua carteira.

Tenho a oportunidade de observar, ao vivo e em cores, essa relação de desigualdade, convivendo diariamente com um casal de amigos. Duas laboriosas e bem-sucedidas pessoas, recebem o valor de seus honorários em contas bancárias separadas, cada qual administrando seus gastos, equacionando receitas e despesas. Tudo normal não fossem as duvidosas regras utilizadas para o pagamento de certas despesas, regras essas naturalmente estabelecidas pela esposa. Ela usa seu cartão para saldar apenas dívidas próprias, enquanto ele paga todo o restante do ônus advindo dessa união. Ironicamente, o cartão masculino já foi apelidado de social.

Os dispêndios com moradia, alimentação, roupas, calçados e remédios são de incumbência do cartão social. Viagens a negócios ou passeios quem paga é o cartão social. Ajudas aos filhos e mimos aos netos também são obrigações do cartão social. E as expensas com unhas, cabelos e pele da mulher são subtraídas desse cartão. Tem mais: todos os presentes nas datas comemorativas habituais, de aniversário, de casamento, de primeiro beijo são pagos com o bendito cartão. E pasmem: se a lembrança é oferecida por ela, quem se responsabiliza é o cartão social. Assim é natural imaginar que essa mulher já tem uma boa quantia aplicada em um banco qualquer por aí, quem sabe até na Suíça.

É bom lembrar que todas as despesas omissas neste texto também são de responsabilidade do cartão social. Na verdade a senha é partilhada com toda a família que, ao utilizar, pergunta apenas se é no débito ou no crédito. É realmente um fardo muito pesado. Assim não há cartão – e marido – que aguente!

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