A vida nos prega cada peça que nos impressiona pela ambiguidade que estas peças possuem. Hora nos coloca num caminho, tempos depois em outro e assim a direção muda como se fosse o vento se desviando da montanha em busca do vale.
Na verdade, caminhos, pelo que consigo observar, não foram feitos para se encontrarem, mas sim, levar. O problema está justamente neste levar... Levar a quê? Onde?
Tem vez que nos leva ao sentimento efêmero de que estamos no caminho certo; que nos apaixonamos; que nos alegramos; que tudo é vivacidade e segue para o alto e sempre avante e que nada mais nos incomodará! Mas quando somos tomados pelo cansaço e resolvemos dar uma olhada no sentido inverso desta estrada... E para nossa frustação, descobrimos que o sentido era outro.
Da paixão sobrou solidão; a alegria virou lágrimas; a vivacidade virou algo sombrio e nos remete ao mais profundo abismo; avante? Nada – é dar meia volta e regredir; e, sem contar que tudo se tornou em dor e incomodo.
O medo de voltar nos torna tão vulneráveis que as vezes morremos pelo caminho... a fome, o cansaço e a cegueira nos remete ao mais profundo sofrimento. Tanto que há momentos que a morte até parece ser refrigero para a alma.
Pra que servem o amor, a alegria, a alto estima e os passos que demos nesta direção, se por ser tão efêmero não duram mais do que um dia ou alguns instantes?
Servem para nos mostrar que somos capazes de recomeçar todos os dias; que se preciso for, emergimos do mais profundo dos abismos e brademos que ainda estamos vivos. Se o amor nos decepciona, vivamos sem ele; se a alegria busca correr de nós, libertemos a que está presa no peito; encontre outros caminhos e horizontes, mas nunca pare de caminhar.
No entanto, lembre-se: caminhos são inversos porque não foram feitos para se encontrarem... Apenas para levar, onde e a quê cabe a nós a decisão.
Que o acaso e os encontros fiquem por contam de nossa imaginação...