Há exatamente 10 anos, precisei viver um dia que sem dúvida alguma gostaria que Deus tivesse me poupado de tê-lo vivido. Mas não posso ser egoísta ao ponto de desrespeitar a ordem natural em que nosso Ser Supremo determina para que as coisas aconteçam...
Ao me levantar naquela manhã e contemplar a luz do dia pude perceber que o céu cinzento e a baixa temperatura indicavam que não seria um dia qualquer. Pois bem, como determinara o Senhor meu Deus, que precisava de mais um para louvá-lo nas regiões celestiais, assim, para cumprir sua vontade, convocou para a função de anjo nada menos do que o seu servo JOSÉ BATISTA MENDES, homem simples, sério, honesto, trabalhador e que juntamente com Dona Divina de Paula Mendes, criaram seus cinco filhos, alguns netos e até a mim, que há cinquenta e um anos tenho orgulho de ser filho (adotivo, mas filho) deste casal. Essa cumplicidade é tão grande que as vezes nem me lembro que sou adotivo. Também para mim, essa condição pouco importa.
Nesse caso, lembro-me apenas que sua pobreza financeira nunca fora obstáculo para viver bem e ser feliz. E isso ele ensinou a todos nós, filhos, netos, bisnetos, tataranetos, sobrinhos, genros, noras, amigos e tantos outros. Para ele, ela servia apenas de estímulo para não ficar na inércia. Homem exemplar no mais amplo sentido da palavra, viveu e honrou sua companheira numa relação que perdurou por 62 anos.
Apesar da minha profunda tristeza pessoal, a qual se estende até os dias de hoje por todos aqueles que o conhecera e que com ele conviveram, tenho certeza de que o céu está mais alegre, mais vibrante, mais irradiante, pois, naquela data, ganhou alguém que sempre teve prazer de viver e de fazer as pessoas felizes. Para mim, não há outra figura para ilustrar essa rápida passagem deste homem por esta terra e em especial na minha vida, do que a figura de um super-herói.
Ainda hoje, sob sua lembrança e o calor de minha emoção, procuro lembrar-me se houve ao longo de sua vida alguma falha que lhe tirasse esse título, pasmem, não consegui encontrar nada a não ser honra. Deve ser por isso que DEUS resolveu tomá-lo pra si naquele dia 24 de maio, e que privilégio, foi morar com o PAI.
Mesmo não sendo meu genitor, consigo ver em mim a sua personalidade, caráter, lealdade e presteza, coisas que aprendi desde bem cedo serem imprescindíveis para quem pretende viver bem. Aprendi com ele honrar pai e mãe. Também aprendi a ser sincero. Apesar de sua simplicidade, era um verdadeiro herói, um super-herói brasileiro, poderoso por sinal. Deve ser por sua origem, já que é filho de DEUS, o Todo Poderoso!
Neste momento apenas me entristece saber e através desta saudade profunda, que herói também morre e que por algum tempo viverei sem sua presença, mas ao mesmo tempo me regozijo porque sei que um dia no céu iremos nos encontrar para louvarmos a DEUS, nosso comandante!
A este homem, meu herói, meus agradecimentos por tudo...
José Batista Mendes (04/10/1926 – 24/05/2013)