Até há pouco tempo eu não havia notado. Parecia um caso esporádico, entre outros por aí, mas parei para pensar e notei uma dura verdade: meus ídolos estão morrendo! Isso mesmo, todas as pessoas que eu admiro e admirei a vida toda estão envelhecendo... e morrendo.
Em minha juventude, inúmeros artistas se destacaram, adquiriram sucesso e ganharam de mim uma especial simpatia. Na música, no cinema, no esporte, na TV, na vida, muitos deles me conquistaram e até hoje sempre reservei para todos um espaço bem guardado em meu coração. Verdadeiramente fizeram parte da minha formação, das minhas emoções, da minha alegria. Sem eles, tenho certeza, minha vida não seria a mesma, se tornaria vazia, sem graça alguma. Vez em quando uma surpresa, e o noticiário diz que um deles partiu. Em meio à tristeza eu me refaço apegando-me um pouco mais aos que ficaram. Hoje percebi que já são bem poucos. O noticiário fofoqueiro está cada dia mais frequente. Eles estão morrendo...
Sinto até que meus ídolos estão me deixando muito depressa, tanto que ao me lembrar de algum, às vezes surge a dúvida se ele ainda está entre nós ou já se foi. Toda manhã, me acostumei, fico aguardando um boato maldoso de mais uma ausência e suspiro aliviado quando ele não vem. Sei que a cada um que morre a humanidade perde muito, nós perdemos muito, ficamos mais pobres. Foram eles que fizeram nossos dias mais alegres, nossas noites mais felizes. Foram eles que alimentaram nossas fantasias, que coloriram nossos sonhos e deram paixão aos nossos desejos.
Tudo isso está acabando agora e o mais difícil é entender que não há substituição. Sempre que um se vai ficará uma lacuna; os novos ídolos que surgem não substituem os anteriores, não são meus, eles pertencem à nova geração. Posso até ouvir uma canção, assistir a um filme, acompanhar um jogo esportivo, ler um novo livro, mas é inútil, eles não têm a magia, o encanto que tinham os outros da minha época. Meus ídolos são realmente insubstituíveis, e estão morrendo...
Qual será o próximo? Fico pensando. Só me resta aproveitar ao máximo cada momento, curtir sempre mais suas obras, seu legado, pois é tudo o que tenho e que nunca me deixará.