Mulher bonita, quando passa pela rua, todo mundo olha. De “mamando a caducando” todos param os seus afazeres e se voltam para apreciar a beleza daquele corpo, a sintonia dos passos, o balanço dos cabelos, a sensualidade do rebolado, os olhos, o sorriso, tudo!
Não há quem resista à formosura de uma bela mulher. Ela sabe disso, adora ser admirada e se apronta realmente com a intenção de provocar, de chamar a atenção. Roupas apertadas, decotes ousados, saias curtas e outros artifícios usados mostram melhor seus encantos. Até as outras mulheres observam sua passagem talvez por admiração, por inveja ou até mesmo para copiar o modelo da roupa. Assim a beldade vai seguindo e os olhares acompanhando, alguns bem escancarados, outros mais comedidos devido à presença da esposa ou namorada que bota um olho na mulher e outro em seu companheiro.
Transeuntes, condutores de veículos, atendentes, idosos, desocupados, e vai crescendo a fila para apreciar toda a graça que a mulher espalha pelas ruas. Vendedores, mecânicos, pintores, pedreiros, garis vão engrossando a renque de cativos dominados por aquele fascínio. Desses, o mais entusiasmado é o pedreiro. Sei disso porque algumas senhoras mais recatadas evitam passar próximo a construções. O assanhado liga o radinho de pilha em sua estação preferida, coloca as mãos na massa e os olhos soltos na rua. Nada escapa, principalmente as mulheres. Se constrói um sobrado, melhor ainda. Ele vê tudo de cima e por todos os lados. Não perde uma. As paredes tortas, o reboco mal feito, o desperdício de material, o atraso da obra, tudo tem o mesmo motivo: mulher! Essa criatura atrapalha quando passa e quando demora passar. Na segunda hipótese aumenta a expectativa, a atenção à rua se redobra e, por consequência, torna o serviço mais lento.
Não pretendo aqui censurar o pedreiro nem outro admirador do sexo feminino. Nada vejo de errado no hábito de contemplar as belas coisas da vida. Eu mesmo me incluo nesse grupo atento de pessoas, afinal, mulher bonita é pra se olhar!