É uma tarefa extremamente difícil entender as mulheres. Todos sabem disso e os versados no assunto afirmam que na verdade é impossível. Pesquisas realizadas comprovam que, na mulher, parte do cérebro que ajuda a processar as emoções apresenta o dobro de dificuldades que nos homens, o que dificulta decifrar as mensagens. De acordo com os cientistas, adivinhar o sentimento feminino é uma tarefa ingrata. Se ela diz “não” significa “sim”, se diz “sim” tem sentido de “talvez” e se diz “talvez” quer dizer “não”.
Como todos os homens, curto e compartilho essa reflexão. Mulher apresenta mesmo atitudes estranhas e inesperadas que desalinham o pensamento linear do sexo masculino. Dentre as várias que poderia enumerar, destaco uma em especial: o costume que tem de dormir abraçada ao travesseiro. Para mim é a pior de todas. Ela se apronta para deitar, coloca uma roupa sensual, mas quando pula na cama, agarra-se logo a ele como se fosse um escudo, dificultando assim uma eventual aproximação. Arrancar dela por alguns minutos aquele encosto é a coisa mais difícil do mundo. E no primeiro descuido atraca-se novamente a ele para soltá-lo apenas no dia seguinte.
Pode estar fazendo o maior calor que a danada se gruda no travesseiro e transpira feito um tirador de espírito. Um braço vai por baixo, outro por cima e uma perna se debruça num de seus cantos, prendendo-o definitivamente. Ela deveria abraçar o companheiro, mas vive dizendo que não consegue abandonar esse hábito. Dá a impressão que é apenas uma desculpa para se manter distante da gente. Tento arrancar o estofo quando ela cochila, mas em vão. Afasto com cuidado uma de suas mãos e puxo suavemente o bicho, mas o subconsciente dela está ligado e com um tapa repentino puxa-o velozmente para si, geme e o amassa contra o peito. Não tem mesmo jeito.
Inventaram agora um travesseiro roliço e comprido, do tamanho de uma pessoa. Ela trepa e gruda nele a noite inteirinha. Nesse affair com o amontoado de espuma, não sobra um pequeno abraço pra gente. Se acontece dela cair num sono mais profundo, às vezes o estorvo se desprende do arrocho e rola exatamente do nosso lado, separando a cama em duas, dificultando a passagem para o outro setor. Parece que estamos dormindo em três e eu sou o terceiro, o mais distante, o preterido. Cabe aqui até uma reclamação à Sociedade Protetora dos Homens Carentes sobre o travesseiro invasor. As lojas não deveriam vender esse instrumento separador de casais.
Todos sabem que homem gosta de dormir abraçadinho com quem ama, com o mínimo de roupa possível, mas a mulher ama mais o travesseiro e não se importa com as fantasias eróticas de seu acompanhante. Tenho certeza de que isso acontece com inúmeros cônjuges. Os homens, coitados, vivem uma luta inglória com as mulheres que abraçam o travesseiro. Confesso que já consegui me livrar de algumas delas. Como diz Chico Buarque e Milton Nascimento, “Afasta de mim esse cálice!”