Antenor Nogueira, AGRODEFESA
AGRODEFESA quer vacinar 21 milhões de cabeças
A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) quer imunizar contra a febre aftosa 99% do total de mais de 21 milhões de cabeças de gado em Goiás. Segundo o presidente Antenor(foto), nos últimos anos o Estado vem atingindo altos índices de vacinação, que somados às medidas rigorosas de fiscalização podem levar Goiás a alcançar o certificado de zona livre da doença em 2015.
Qual a meta de vacinação da campanha contra febre aftosa?
Antenor- A Agrodefesa vai trabalhar diuturnamente para alcançar o índice vacinal próximo a 100%, da mesma forma como obtivemos na vacinação dos meses de maio e novembro do ano passado. Hoje, temos uma condição muito especial de controle do rebanho através da informatização, o que nos permite o acompanhamento online dos índices. Após o fim da última campanha em novembro de 2011, fizemos uma fiscalização nas fazendas inadimplentes e, logicamente, esses produtores não vão querer ser reincidentes. Além disso, trabalhamos com a motivação do pessoal (fiscais) do interior e muitos casos de vacinação assistida e, assim, acreditamos que vamos atingir um índice maior do que 99%.
Quais as punições para os produtores rurais inadimplentes?
Antenor- Eles pagam multa de R$7 por animal não vacinado e no caso de reincidência o valor dobra. O produtor rural também tem a fazenda interditada e, ao mesmo tempo, é notificado de que na próxima campanha contra a febre aftosa o rebanho deverá ser submetido à vacinação assistida por um médico veterinário da Agrodefesa.
A informatização possibilita que a Agrodefesa tenha acesso a quais dados?
Antenor- Goiás não trabalha mais com estimativas. O rebanho hoje está na ordem de 21,7 milhões de cabeças. Já existia um trabalho anterior de informatização, que foi complementado em maio do ano passado, com grandes avanços. Hoje, nós temos 100% das propriedades rurais do Estado de Goiás com as sedes georreferenciadas (com coordenadas da latitude e longitude) e a quantidade de animais efetiva de cada propriedade. Temos a rota que o técnico da Agrodefesa deverá seguir para chegar até a sede. Enfim, temos uma série de informações que nos dão, além da garantia, a certeza do cumprimento exato da vacinação no Estado de Goiás.
Qual a estrutura disponível para realização da campanha em todo o Estado?
Antenor- São cerca de 1,4 mil fiscais agropecuários e 239 escritórios locais da Agrodefesa instalados nos municípios goianos. Temos 16 barreiras sanitárias volantes e 23 fixas. A Agrodefesa tem um aparato muito eficaz para que essa fiscalização seja cumprida. Temos fechado os índices com vacinação própria do produtor e fica, logicamente, um remanescente que a gente espera ter sucesso. Os índices vacinais de Goiás têm sido altos nos últimos anos, mas com o aprimoramento da fiscalização queremos melhorar ainda mais.
O que ainda é preciso para Goiás ser declarada zona livre de aftosa sem vacinação?
Antenor- Os índices vacinais são cruciais para a obtenção do status de zona livre da aftosa sem vacinação. Quem vai lucrar com isso é o próprio produtor rural, que vai ter uma economia considerável. No ano passado, já conseguimos uma vitória, com a redução na idade de vacinação na campanha de novembro. Esses animais eram vacinados somente até os 24 meses. Mas é preciso ficar atento porque na campanha de agora todo o rebanho bovino e bubalino deverá ser vacinado para que possamos chegar em 2013 com a modificação na vacinação, acompanhando as normas internacionais que regem o programa de controle da aftosa. O que poderá levar Goiás a ser livre da aftosa sem vacinação em 2015. É preciso cumprir a parte de vacinação e a sorológica. Todo ano, são coletadas amostras para assegurar que não existe atividade rural no território goiano. Também fazemos o controle efetivo de fronteira para impedir a entrada de animais infectados vindos de outras regiões. As ações de vigilância sanitária têm sido bastante rigorosas. Toda e qualquer certificação e reconhecimento de zonas livres das doenças de animais terrestres são feitas pela Oficina Internacional de Epizootias (OIE), ligada à Organização Mundial do Comércio (OMC). Os membros da OIE sempre se reúnem no mês de maio de cada ano e fazem as resoluções e reconhecimentos, que são comunicados a todo o mundo. (Atualmente, apenas o Estado Santa Catarina é detentora do certificado no Brasil, concedido em 2007).
Quando foi registrado o último caso da doença em Goiás?
Antenor- O último caso foi registrado em 7 de agosto de 1995, em Santa Bárbara de Goiás. Por incrível que pareça, em 1992, Goiás teve mais de 2,7 mil focos de febre aftosa. Foi grande o avanço que tivemos. De 1992 a 1995, foram caindo os índices de infectação no Estado e desde 1995 não registramos mais nenhum foco. A partir daí, foi iniciado um controle dentro do Estado. Naquela época, foi criado o Instituto Goiano de Defesa Agropecuária (Igap) e depois anexado à Agência Rural, sempre dentro do trabalho de controle e acompanhamento da vacinação. Nos últimos anos, Goiás tem se destacado com um dos maiores índices vacinais entre todos os estados brasileiros. Sem dúvida, a vitória é do próprio produtor rural que se conscientizou dessa necessidade e que está atendendo o chamamento do governo, por meio da Agrodefesa, e Ministério da Agricultura, em relação ao cumprimento dessa vacinação obrigatória.
Foram confirmados novos focos da doença no Paraguai. A fiscalização foi intensificada?
Antenor- Goiás participou efetivamente dessas ações de fiscalização. Enviamos para a fronteira com o Mato Grosso do Sul seis equipes de fiscais para ajudar o trabalho do governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, e do governo do Mato Grosso do Sul (MS). Para se ter uma ideia, neste mês (abril) deslocamos mais uma equipe de cinco fiscais a pedido do Ministério da Agricultura que estão hoje auxiliando na vacinação periférica de fronteira que se iniciou no dia 1º. Assim, vamos ter a certeza de que nem Mato Grosso do Sul, nem Goiás, nem Brasil possam ter a surpresa da entrada da doença no nosso território.
O que muda em relação à exportação de carne caso Goiás receba o certificado de zona livre sem vacinação?
Antenor- Goiás e o Brasil hoje só participam de 40% do mercado internacional de carne, porque os grandes players, ou seja, os maiores compradores, exigem que o Brasil seja livre sem vacinação. É o caso dos Tigres Asiáticos, a Oceania, os países-membros do Nafta (Canadá, México e Estados Unidos). Por isso, a Agrodefesa concentra esforços para o credenciamento, a fim de participar desses outros 60% da fatia. Os maiores compradores da carne goiana atualmente são a Rússia, os países árabes, Chile, Venezuela e principalmente a União Européia que, apesar de ter diminuído significativamente a importação, agrega muito valor ao produto.
Como o produtor rural deve proceder para imunizar o rebanho contra a aftosa?
Antenor- O produtor deve se dirigir a uma loja de produtos veterinários credenciada pela Agrodefesa, adquirir as doses da vacina, fazer a declaração de vacinação em tempo hábil e apresentá-la no escritório da Agrodefesa em seu município. A venda das vacinas está autorizada a partir do dia 27 de abril. Depois disso, o produtor tem o prazo de cinco dias após a vacinação para apresentar a declaração, que deve conter os dados do rebanho vacinado, idade, sexo e quantidade. De posse dessas informações, fazemos o cruzamento com os dados informatizados e verificamos os índices de crescimento do rebanho. Simultaneamente, também deve ser realizada a vacinação obrigatória contra a brucelose de animais fêmeas de 3 a 8 meses e a anti-rábica em 119 municípios goianos.