Bebo Socialmente de Reinaldo Gouveia Franco
A cerveja (droga permitida) tem o seu privilégio na expansão pelo mundo. Ela, como bebida social, tem o seu destaque, e com louvor.
É comum usuários (sejam em grupos ou casais) que, aqui e ali, pelas ruas, em pontos costumeiros, exporem-se a refestelar-se em suas mesas no passeio: mesas abarrotadas de garrafas desse entorpecente. E o mais estranho, porém, é que nesse momento se estampa, nos ares do usuário, uma vivacidade tão peculiar ao vício, donde gerar, em seus olhos, flashes de chispas de uma alegria tamanha, como se por encanto, extasiado, se transmudasse para um além de gozo perene. É de ressaltar que, também, nos seus ares, há mostras de sua vaidade ou gozo como de importante no meio extasiante em que se acha: ambiente benquisto pela alta sociedade que o aprova e o consagra. Concomitante a referentes peculiaridades a esse entorpecente, vejamos uma de um usuário sentado ali com sua esposa, a bebericar e já com o queixo a apadrinhar-se com o peito, quando alguém, por ali passando, para um instante para cumprimentá-lo, ele responde: “Pois é, companheiro! Nada melhor que a cerveja. Só que a gente não deve exceder. Ela é social; eu sou comedido, sou social e bebo socialmente...” _ E, de repente, para a esposa: “Pega essa garrafa, Sua Tonta, e despeja aqui no meu copo. E cuidado com esses seus olhos pros homens. Senão, lá em casa...” _ E novamente para o companheiro: “Eu bebo socialmente.”
E o usuário, embora de aparência distinta, já alta madrugada, com sua esposa no carro e o CD à estridência, sai em disparada, apavorando os lares, onde as pessoas, com a trepidação das portas, vitrôs e estilhaçar das vidraças se sobressaltam, estremunhadas, ao ponto de perder o sono, enquanto que ele, já então em casa... Meu Deus, ó o pau quebrando: “Pá, pá!...” Quanta chibatada! Também murros, tapas, pontapés, quebra de louças atiradas pelo chão; e os gritos da mulher, lamentos, choro, urros... “Deixe-me ir embora, seu monstro...”. E isso, também em outras casas.
Mas, quanto à mulher em questão... Em que situação não amanhecera?...
E eis como Guerrinha diz sobre usuário de igual sorte:
É! Há gente que se diz social e que bebe social... Sim: social...Mente.