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Opinião: A morte democrática

Opinião: A morte democrática

 

Roberto Lourenço

Morreu Sócrates Sampaio de Sousa Vieira de Oliveira, ou simplesmente o Doutor Sócrates.

Gênio da bola, fazia jogadas fantásticas e inesperadas com o calcanhar. Mas ele tinha, no uso sem limites do álcool, o seu Calcanhar de Aquiles. Sucumbiu ao alcoolismo.

Morreu democraticamente, como reivindicara nos tempos de jogador do Corinthians. Outro líder da “Democracia Corinthiana”, Walter Casagrande, quase morreu, de forma também democrática, pelo uso de drogas. O cantor Lobão vive brigando com o Sistema pela interferência na sua vida privada. Advoga em causa própria para uso de substâncias proibidas. Senão não buscaria essa liberdade absoluta.

Não há dúvida que tudo em excesso é prejudicial. A Ditadura imposta com todo o seu rigor humilha o cidadão e a democracia totalitária beira o anarquismo, transformando jovens em potenciais senhores alcoólatras e/ou viciados, culminando via de regra, às fatalidades.

O futebol, por ser coletivo, multiplica as opções contravencionais porque ganha-se dinheiro sem formação acadêmica e ainda muito jovem. Tem também um lapso diário de ócio muito grande, já que a atividade física não passa de 2 horas diárias. Outro fator é que o desempenho individual é mascarado pela atuação coletiva. Se um jogador passa a noite na balada e faz um gol de oportunismo, os jornais publicam que “o time venceu com gol de fulano...” e o cara acha que realmente é “O Cara”. Foi o que aconteceu com o Romário no final de carreira. Andando em campo, marcando de pênalti e a imprensa exaltando.

Noutro dia, lendo uma entrevista dada pelo ex-jogador Beto, aquele perna-de-pau que jogou no Flamengo, Itumbiara e até Seleção Brasileira, ele disse exatamente isso: ia pra balada mas em campo resolvia e dava um cala-a-boca na torcida que ficava cobrando.

No esporte individual isso seria impossível de acontecer. Pense num Federer ou Nadal na balada às vésperas de uma partida de tênis. Perderia para número 500 do ranking. Ou no recordista mundial dos 100 metros rasos, Asafa Powell tomando umazinha no dia anterior de uma prova. Não dava índice nem para os jogos universitários...

Voltando ao início, às causas e conseqüências, os limites têm sim que ser impostos aos jovens na época de suas formações de caráter. As Forças Armadas, sem as suas disciplinas rígidas não dariam a segurança que a nação precisa. E no futebol, até pelas origens da maioria dos jogadores no Brasil, esses meninos encontram muitas dificuldades em equilibrar o dinheiro com a liberdade. Senão, continuaremos perdendo vidas, democraticamente, ou colocando de frente com a justiça o goleiro Bruno, Adriano, Jobson, Carlos Alberto... até que aprendam o bom sentido do verbo Transgredir.

Roberto Lourenço é empresário urbano e rural.

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