Por si só, a notícia já seria razão para comemorar, mas existem explicações para tal acontecimento e a flexibilização do monitoramento e controle poderia trazer grandes estragos. Até 28 de janeiro, o Brasil registrou 69 casos de ferrugem asiática em lavouras de soja comerciais. Isso significa o menor número de casos da história até esse período.
No ano passado, no mesmo período, o país já havia registrado 242 ocorrências da doença, 70% mais que este ano. O maior número de casos até 28 de janeiro aconteceu na safra 2009/2010, com 1.673 casos.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas, uma das responsáveis pela coordenação do Consórcio Antiferrugem, que levantou os dados acima, o atraso nas chuvas e o clima seco em alguns estados pode ter ajudado nessa redução.
“Tivemos um inverno (2019) menos favorável à permanência de soja guaxa com ferrugem, pois foi mais seco e com geadas. Terminou o vazio sanitário, mas a chuva não veio. Tudo isso pode ter contribuído para reduzir a presença do inóculo do fungo no ambiente”, explica.
O estado que mais casos registrou até agora foi o Paraná, com 31 casos, contra 58 de toda a safra passada. Normalmente quem mais registrar a doença é o Rio Grande do Sul, mas neste início o Paraná sempre larga na frente, devido a janela de plantio que abre antes.
“Agora estamos vendo o Rio Grande do Sul, que costuma ter muitos focos de ferrugem, com seca. Condição totalmente desfavorável para a doença. Há algumas regiões no Paraná com pouca chuva também. Tudo isso ajuda”, diz Claudine.
Com o atraso nas chuvas e, consequentemente, retardo no plantio em quase todos os estados, a doença demorou a se espalhar, tanto que os primeiros casos foram reportados somente no início de dezembro. Normalmente os esporos começam a se espalhar no final de outubro, início de novembro.
“Claro que vale ressaltar que o consórcio depende dos relatos em campo, que podem não acontecer e os números estarem um pouco abaixo da realidade. Tem gente que já viu um relato na cidade e acha que não precisa fazer outro. Enfim, há várias razões para não relatarem”, afirma.
(Fonte: Canal Rural)