O indivíduo começa sua vida num estado de totalidade indiferenciada. Depois, tal como a semente cresce e se transforma em árvore, o indivíduo se desenvolve para chegar a ser uma personalidade plenamente diferenciada, equilibrada e unificada.
É pelo menos esta a direção que toma o desenvolvimento, embora raramente, ou nunca, seja alcançado essa meta de uma diferenciação, de um equilíbrio e de uma unidade completa, salvo por um Jesus ou por um Buda, como observa Jung.
Uma característica muito interessante e relevante do inconsciente pessoal é a possibilidade de reunião de conteúdos para formar um aglomerado ou constelação, para isso Jung (Carl Gustav Jung, 1875- 1961) deu-lhes o nome de complexos, ele criou por meio de aplicação do teste de associação das palavras.
Foi graças a Jung que a palavra complexo passou a fazer parte do nosso vocabulário. Dizemos de uma pessoa que ela tenha um complexo de inferioridade, ou um complexo relacionado com o sexo, o dinheiro, ou um complexo com relação à “geração mais nova” ou outra coisa qualquer. Estamos todos familiarizados com o complexo de Édipo descrito por Freud.
Quando afirmamos que uma pessoa tem um complexo queremos dizer que vive tão intensamente preocupada com uma coisa que dificilmente consegue pensar noutra. No jargão atual, este indivíduo tem uma “mania” segundo Jung. Um forte complexo é facilmente percebido por outras pessoas, embora quem o tem talvez não o perceba.
A maioria dos complexos observados por Jung tinham a ver de modo acentuado com a condição neurótica de nossos comportamentos. “ uma pessoa não tem um complexo: o complexo é que a tem”. Paulo Leminski nos brinda do este belíssimo poema que tem forte ligação com este artigo, intitulado minhas 7 quedas “minha primeira queda, não abriu o paraquedas, daí passei feito uma pedra, pra minha segunda queda, da segunda à terceira queda, foi um pulo que é uma seda, nisso uma quinta queda, pega a quarta e arremeda, na sexta continuei caindo, agora com licença, mais um abismo vem vindo”.