Bar baraka e bar mitzvah
Toda pessoa asseia em ser abençoada, sendo pelos pais melhor ainda, visto que, naturalmente a hierarquia de Deus fora estabelecida ao ser humano, sendo assim, os pais exercem um papel muito importante e a benção deles sobre a vida dos filhos é imprescindível, inescusável é a falta desta.
Nos dias hodiernos não compreendemos o significado e o poder da bênção paternal e maternal, visto que há famílias patriarcais e matriarcais, se bem que o sentido de patriarca e matriarca não é sentido e nem vivido pela sociedade atual. Antigamente isto era tão levado a sério que os filhos tinham o costume de pedir a benção aos pais, inclusive até as pessoas mais velhas, tomava-lhes a mão e até dava um beijo nela. Para a sociedade pós-moderna isso é ridículo, principalmente em nosso país onde os mais velhos são tratados como escória, estorvo e fardo pesado.
A palavra abençoar, no dicionário brasileiro quer dizer: dar ou lançar a benção; bendizer; proteger; fazer feliz. No hebraico, abençoar (BARUCH) significa: prostrar-se diante de alguém ou prosternar. Prosternar é respeitar. Respeitar é o primeiro passo para ser abençoado. Uma das principais conotações espirituais dessa palavra é: autorizar para prosperar, assim, abençoar alguém é dar autorização para que ela prospere. Lembrando que prosperidade não está ligada somente às bênçãos materiais, ledo engano achar que somente o dinheiro poderá trazer bênçãos.
Autorizar alguém a prosperar significa estabelecer a estrutura para que a pessoa prospere se desenvolva e seja bem-sucedida em todas as áreas de sua vida.
O povo judeu leva muito a sério a questão das bênçãos aos filhos, tanto que possuem uma espécie de ritual quando seus jovens passam da infância para a puberdade, chamado de: BAR MITZVAH, neste ritual os jovens são abençoados para prosseguirem suas vidas e continuarem sendo abençoadores.
Os pais precisam abençoar seus filhos, mas, não fazem isso por motivos fúteis, como: primeiro, a ignorância, não compreendem a necessidade das bênçãos aos filhos, talvez por não terem aprendido a fazer isso, ou tenham se esquecido, afinal, nossos avós tinham este costume. Segundo: os pais não compreendem a necessidade de separar a identidade do comportamento nas vidas dos seus filhos. O pai, principalmente, precisa abençoar seus filhos, ele tem total autoridade de Deus para fazer isso, mesmo que este seja rebelde, visto que, muitas vezes a rebeldia poderá ser o reflexo da falta da benção paternal, e, inclusive da ausência da figura paterna, lembrando que: abençoar o filho rebelde não é concordar com a rebeldia ou com o comportamento inadequado do mesmo, mas, procurar fazer com que tal rebeldia possa até ser dissipada da vida do rebento. Os pais devem saber separar o exercício do controle e da autoridade, senão, vejamos. Controle: usar o poder manipulativo da alma para forçar outras pessoas a fazerem sua vontade. Autoridade: honrar a pessoa e o livre arbítrio dos outros oferecendo-lhes escolhas com suas respectivas conseqüências, lembrando que: “AS PALAVRAS CONVENCEM, OS EXEMPLOS ARRASTAM”.
O terceiro motivo é a falta de os pais não saberem abençoar, visto que não foram abençoados, ou se esqueceram de como fazer isto, ou seja, não podem dar aquilo que não receberam, o efeito da benção hereditária é cessado.
Façamos uma analogia entre a sociedade hodierna com a de outrora, veremos que à época dos nossos pais ou avós, não havia os problemas que enfrentamos hoje, e olha que as famílias eram enormes, muitos e muitos filhos, e os pais tinham autoridade sobre todos, nenhum ousava desrespeitar ou passar por cima da autoridade dos pais, havia o baruch e o bar mitzvah, este era feito mesmo que de forma diferente do povo oriental ou de forma imperceptível, mas, os pais abençoavam seus filhos e as bênçãos eram refletidas, e uma das formas do reflexo destas bênçãos era o respeito e o amor mútuo.
Com o passar do tempo as coisas mudaram, apesar de não ter passado tanto tempo assim. Tais mudanças foram extremamente radicais e isto fez com que perdêssemos o norte, o rumo, o azimute, começamos a nos perder e estamos hoje vivendo como se tateássemos no escuro. Precisamos voltar urgentemente à teoria do óbvio, ou seja: os pais abençoam os filhos. Uma das formas de vermos se um filho é realmente abençoado é saber se ele respeita seus pais. Fossemos tomar por exemplo o livro mais lido do mundo, a Bíblia, veríamos que existe apenas um mandamento com promessa, qual seja: Honrar pai e mãe, para que se prolonguem seus dias na terra. Será este um dos motivos pelo qual os rebeldes geralmente morrem prematuramente, não se tornam pais e muito menos avós?
Em suma, passemos a refletir mais na sociedade que estamos criando hoje, ela nos ferirá num futuro não muito distante. Não deixemos que eles mandem na casa e ninguém mais tire farinha, que o pai se torne um zero à esquerda ou um trem fora da linha. Resgatemos nossa velha prática de abençoar e sermos abençoados, fará bem a todos nós, é de graça e indolor, mas, surte um efeito deveras positivo, afinal, a família é a célula mater de toda sociedade.
José Antônio Soares – 1º Tenente PM