Feliz Natal e Próspero Ano Novo! De novo?
Parte I: Como assim, passou de Hora!
Desde o Natal já se passaram alguns dias e o primeiro mês do ano acabou, então não é ocasião para se falar disso.
De fato, pode não ser o momento de falar sobre o natal que passou e nem sobre o ano novo de 2.012, por melhor que tenham, o natal em seu momento, e o ano novo até agora.
A reflexão é sobre o que foi dito, a quem foi dito e em que tom se repetiu milhares de vezes o clichê: “Feliz Natal e Próspero Ano Novo”, ou quantas vezes isso grafado em cartões físicos ou virtuais ou em mensagens eletrônicas.
De todas as vezes que repetiu tais dizeres, quantas delas foi com sinceridade. O que fez durante o ano, para a sua família, para os seus amigos e para os seus semelhantes em geral?
Não é um gesto imposto pelo costume, um presente, por conta de uma prática fomentada pelo comércio, praticado por alguém só nestas ocasiões, que irão redimir eventuais erros, ou se conseguir afagos para uma consciência pesada.
O que faz sentido, muito mais que a frase são os atos, não aqueles eventuais, mas todos eles, nas demais épocas do ano.
É muito pouco provável que alguém que tenha inimizade irresolúvel ou ódio de alguém tenha dentro de si alguma virtude para desejar (com sinceridade e ponto de produzir algum efeito), felicidades a outras pessoas. É até mesmo incoerente isso, porque em regra não se oferece algo, do qual não se dispõe.
Não é também o caso, por outro lado, de se falar em amizade íntima com todo mundo, você não precisa chamar um ex-desafeto para sua festa de aniversário, conviver ou dividir seus momentos com ele, basta que não queira mal a ninguém.
Em geral, o barracão em que se armazena, ou recipiente em que se guarda veneno, não servem mais para outros tipos de uso, a não ser depois de reforma reciclagem ou limpeza, o efeito é parecido naquele que traz consigo os maus sentimentos, de não ser benéfico aos demais, enquanto também não estiver em paz consigo mesmo.
O mandamento no sentido de “Amar o próximo como a si mesmo” contenta-se com o mero comportamento de não fazer a outrem o que não gostaria que fizessem consigo.
Agora, com o ano no começo talvez tenhamos tempo de prepararmos melhor para o natal de 2.012 e desejar feliz 2.013 para aqueles a quem o dissermos com sinceridade e levarmos o costume adiante.
Haveremos, por certo, de nos lembrar daquele pedido de desculpas que ficou entalado, ou por dizer, ainda que na ocasião a cada um parecesse que a razão lhe acompanhava, o importante é livramos de todos os pesos e pesares, colocar as coisas “em prato limpo”, esclarecer o que for necessário, e seguir adiante mais livre dessas amarras morais ou espirituais, desses fantasmas vivos que nada de bom constroem.
Não importa o meio, talvez até através de uma discussão no início, mas com um pouco de humildade depois, há como extirpar rancores, romper amarras e não se sentir constrangido quando pronuncia ou ouve o clichê sobre as festividades de fim de ano.
Sim, porque só deixa de ser uma repetição quase autônoma e superficial, na medida em que é sincero e sendo assim, quando o desejar, estará querendo de fato a felicidade do outro e quando ouvir também estará recebendo boas vibrações e energias.
Também, não deixe para praticar eventuais atos de caridade apenas no final do ano, pratique sempre que puder esta virtude, porque não há salvação fora dela.
Quando viajar pense que você precisa muito voltar para casa, há lhe espera, por isso, até mesmo as comemorações natalinas necessitam de mais comedimento, porque em um só dia, o feriado de natal provoca mais acidentes e mortes violentas do que todo o carnaval.
Por certo o “Aniversariante” não se alegra com tais excessos.
Dr. Filemon Santana Mendes, advogado e presidente da OAB Subseção Goiatuba