Os verdadeiros super-heróis, mas sem superpoderes
Todo mundo quando é criança se inspira em um ou em vários personagens de ficção, normalmente intitulados de “super-herói” e providos de poderes sobrenaturais. Estoricamente, são ditos seres superiores os quais, quando alguém está em perigo, aparecem e resolvem tudo a qualquer custo.
A maioria no seu dia a dia leva uma vida normal como qualquer pessoa, ou seja, tem família, trabalha, e até demonstra fragilidade em determinados momentos, dando até a impressão de que não possuem superpoderes; pois se os tivessem não passariam por dificuldades.
Porém, quando o dever os chama esses meros mortais vestem as suas armaduras, pegam as suas armas e saem sem destino, com a missão de lutar por justiça; o que não significa que irão fazer o bem a todo mundo. E, obviamente, comentem absurdos: destroem carros, casas e até cidades para combater os vilões que fazem o mal e querem acabar com a vida de pessoas inocentes. O bom disso tudo é que todos nós sabemos que no final tudo vai dar certo, mas ninguém acredita até que o entretenimento se acabe.
Particularmente, eu sempre assisti e ainda assisto a filmes de ficção científica. Acho interessante e considero como um momento de se imaginar vivendo uma situação lúdica, irreal, absurda. Entretanto, o propósito deste texto argumentativo não é discorrer a respeito de personagens de estórias em quadrinhos, mas falar um pouco de um personagem real, de um herói de carne e osso: O policial.
Esse personagem é um ser humano comum, tem família, passa por dificuldades, exerce uma atividade complexa, mas diferentemente dos super-heróis dos filmes, não tem superpoderes. E quase nunca é visto como um herói; quem dirá na condição de um super-herói.
Pelo contrário, muitas vezes esse mesmo policial não consegue sequer resolver os seus problemas e tem que vestir a sua farda, pegar a sua arma, se tiver sorte terá um colete antibalístico para proteger a região torácica, como se a cabeça fosse à prova de balas, para atender o seu chamado, cumprir com o seu dever, à espera do inesperado e em defesa da sociedade.
É fato que na polícia, assim como em qualquer outra profissão, há os bons e os maus. Porém, quando se tem oportunidade de conhecer o cotidiano das polícias observa-se que nessas instituições, de um modo geral, há milhares de bons, ou melhor, excelentes profissionais que tem orgulho do que fazem. E mesmo desprovidos de superpoderes vão à luta, arriscam as suas vidas, diariamente, em prol daqueles que muitas vezes nem o conhecem.
São verdadeiros super-heróis que trabalham, diuturnamente, à espera de uma missão a ser cumprida, custe o que custar. Consequentemente, se for necessário o uso da força alguém sairá em desvantagem e pode ser que algum bem material seja danificado ou até mesmo destruído. Mas super-heróis tem superpoderes, não é verdade? E no caso desses os poderes sobrenaturais são a proteção divina e coragem que adquirem no cumprimento do dever.
Portanto, não devemos ficar contrariados quando assistirmos a uma ação policial em que a polícia trafegou com a viatura em alta velocidade, parou o trânsito e até utilizou da arma de fogo com o intuito de prender o vilão, ou o ladrão, que no final levou a pior. Afinal, os super-heróis das revistas são muito mais excêntricos e todo mundo torce por eles e aplaude as suas peripécias.
Bom, a intenção não é canonizar nenhum policial, tampouco convencer a sociedade a idolatrar os profissionais de segurança pública. Mas o intuito e provocar uma reflexão social sobre a importância que nós, sociedade de bem, damos às nossas polícias que são encarregadas de tão árdua missão.
Deve-se buscar, é claro, ter uma polícia capacitada e voltada para os interesses sociais. E as críticas são inevitáveis, já que estamos nos referindo a seres humanos. Mas ao mesmo tempo é necessário valorizar e reconhecer a importância de cada um desses nobres guerreiros que escolheram não uma profissão, mas um sacerdócio.
Sandro Nogueira de Rezende é 1º tenente lotado no 29º BPM (Goiatuba) e comanda a 3ª Cia Destacada de Joviânia-Go. É bacharel em Direito pela FAFICH e pós-graduado em Polícia Comunitária pela UNISUL.