Responda-te com quem andas e saberá quem tu és
Consta exatamente isso na Palavra da Salvação: Diga-me com quem andas que direi quem tu és, com isso, o ensinamento quer dizer que através das companhias conhece-se a pessoa e, pelos atos, também.
É muito comum, ao assistirmos TV, ou diante da pessoa, apontarmos para o político e o chamarmos de “ladrão”, “safado” ou “corrupto”, dentre tantos outros adjetivos.
Mas é bom pensarmos antes como cada pessoa chegou ao poder, por óbvio, através do voto, mas a que título foi votado, por mérito ou porque pagou pelos votos que obteve?
Cada um dos que apontam o dedo para o mau político, se tiver vendido o voto, faça um favor a si mesmo: Aponte um para a frente, para o “corruptor” e o outro para trás, na direção do próprio peito, para indicar também o “corrompido”, já que ambos se nivelam moralmente na medida em que são igualmente corruptos.
Sim, porque ao vender o voto, você transforma o mandato do agente político em um “objeto” de mercancia, e o proprietário pode se dispor das coisas que possui da forma que bem entender.
Portanto, só pode apontar os defeitos e mazelas dos agentes políticos, aqueles que votaram de forma independente, que não se alienaram como cidadãos e eleitores, diante da lasciva e do interesse absolutamente particular, daqueles que fazem do mandato instrumento de perseguição de objetivos puramente pessoais.
Aliás, e já que a venda de voto é uma espécie de prostituição moral, quem paga pretende determinado favor por determinado tempo e a quem recebeu cabe apenas tolerar o final do ato ou do mandato.
Vender voto é como se você colocasse a ci mesmo e à sua família em uma espécie de prateleira de mercado, onde o mau político vai andando e enchendo co carrinho, aproveitando as promoções e liquidações, `caça do voto mais barato, até chegar ao caixa, ou à apuração dos votos e colher o proveito pelo qual pagou: O cargo.
A idéia é tão pífia que, segundo a prática, compra e vende-se votos em média, por cinquenta reais, neste caso, na primeira oportunidade que o eleitor tiver que desembolsar de cem a até trezentos reais de uma consulta, o dinheiro que recebera já é tirado de volta, na proporção do dobro ou até mesmos, dez vezes a mais.
Isso, sem falar dos demais efeitos, como falta de merenda escolar, ausência ou inexistência da própria escola, asfalto ou água tratada, etc.
Se pensarmos direito, talvez seja porque o político esteja se reembolsando pelo investimento, vendendo também os seus votos, como aprendeu a fazer.
A corrupção nasce porque encontra ambiente para tal, é regra da natureza, que não existe predador onde não há presa.
Ninguém nunca viu brotar o Rio Amazonas majestoso e do tamanho que é de chofre, com estas dimensões desde o nascedouro.
Tudo começa em uma pequena fonte, depois, um riacho, u córrego, um rio que vai se somando a outros, e assim se forma o grande volume.
Não haveria tantos espaços para vilões e profissionais da política, se não houvesse a junção de tolerância, de atos de corrupção menores, que vão se somando, até ter as proporções que tem.
Até mesmo gritar com a boca suja “viva a Lei da Ficha Limpa”, ou a “Lei da Ficha Limpa” tem de valer nesta eleição, é proibido àqueles que vendeu o voto, porque nesta horta o eleitor pode julgar e condenar o mau político, impedindo que seja eleito.
E, se é sempre permitido que tais aproveitadores cheguem ao poder ou continuem nele, todos tem de pensar melhor antes de querer que o Estado sozinho (e as Lei que você acha frouxas demais) conserte o que em muito, decorre de sua própria renúncia à cidadania.
Quem já foi a muitos casamentos, por certo já ouviu demais, a advertência ou convite: “Quem tiver alguma coisa contra, fale agora ou cale-se para sempre”.
O mesmo deve ocorrer quando vemos um desmando ou atos de bandalheiras na política e na Administração Pública. “Quem não vendeu o voto fale agora, e quem vendeu cale-se para sempre”, você já foi pago recebeu em si mesmo o seu galardão.
Para que tudo melhore um pouco, devemos ser mais intolerantes com atos de corrupção, protestando mais, exigindo mais e conservando em cada um de nós a credibilidade moral e a independência que nos conserve aptos a exercer todas as prerrogativas inerentes às nossas condições de cidadãos e eleitores.
Daí a indagação: quem é você, anda com quem, vendeu ou não seu voto? Responda isso a si mesmo e saberás quem tu és e os direitos que tem.
Dr. Filemon Santana Mendes, Advogado e Presidente da OAB-Goiatuba