Já se passou mais de um mês e o fato não sai de minha cabeça: aquele impiedoso 7 x 1 que a Alemanha aplicou na Seleção Brasileira. Aliás, impiedoso não é a palavra adequada, pois nosso adversário teve piedade de nós durante o jogo, diminuindo o ritmo para que o placar não fosse mais elástico. Mas é isso, não esqueço a tunda, o tormento e a vergonha que passamos. Ainda ressoam em meus ouvidos os desconcertados gritos de gols do Galvão Bueno. Ainda caminho pelas ruas de boca aberta pela surpresa. Aquela dor de cabeça persiste como ressaca do terrível porre de uma noitada qualquer. Uma ressaca de futebol.
E não estou sozinho nessa jogada. Tenho certeza de que muitos de nós ainda sentem os resquícios daquele vexame da nossa seleção. A maioria ainda não se recompôs da humilhação. E como esquecer?
Parecia treino de uma equipe contra seu time juvenil. A camisa amarela que coloriu as ruas volta para o fundo das gavetas e vai mofar ali por muitos anos. E a Celeste Canarinho que tinha a missão de apagar a derrota de 1950, aumentou a conta, uma dívida com os torcedores que dificilmente será saldada. Foi mesmo um gol contra de nossos dirigentes promover a Copa do Mundo no Brasil.
Ainda estou de ressaca. Não assisto a meus tradicionais jogos das quatro da tarde aos domingos na TV, não voltei a acompanhar os comentários esportivos que tanto gosto nas rádios do País. Numa roda de amigos, se alguém puxa o referido assunto, eu me calo e me afasto. Dá pra falar sobre vôlei, basquete, fórmula 1 e até campeonato de cuspe à distância, mas futebol não!
Não sei por quanto tempo essa ressaca vai durar. Acho que vou tomar um copo bem cheio de chá de boldo e losna...
