URTICÁRIA
Entende-se por urticária, o surgimento relativamente agudo de lesões avermelhadas (eritematosas), papulosas (em relevo elevado), numa área de pele circunscrita, que desaparece à pressão digital e que, caracteristicamente, se acompanha de prurido (coceira). A urticária aparece de repente e pode desaparecer rapidamente em uma ou duas horas, podendo durar até 24 horas. Quando permanece ativa por seis semanas ou mais é denominada Urticária Crônica. Esta é uma doença de origem multifatorial, envolvendo células e estruturas protéicas que constituem a pele, cujo mecanismo inflamatório não depende exclusivamente do envolvimento da pele, mas sim do organismo geral. O responsável pela manifestação local ou corporal da urticária é a célula sanguínea chamada mastócito.
Quando eu era pequeno e fazia alguma arte ou qualquer coisa errada, meu pai (um mineiro de Patos de Minas, que é do tempo em que a promissória de um homem era um fio de seu bigode) sempre falava ao chamar a atenção: “você parece que não tem aquele bichinho que passeia na cara”. Eu não entendia o que ele queria dizer com aquela expressão bichinho que passeia na cara. Somente quando já estava na fase quase adulta que entendi, quando em certo local fui chamado a atenção, naquele dia senti um formigamento esquisito no rosto, com uma sensação de queimar e coceira, fiquei sem entender por um momento, depois me veio à mente o que meu pai falava, entendi que aquele bichinho nada mais era que o bichinho da vergonha, uma espécie de urticária leve que as pessoas sentem na face quando tem vergonha, acompanhada de um rubor facial.
DEUS, um ser axiomático, perfeito na acepção da palavra, imutável e imarcescível, dotou o ser humano com qualidades específicas, com uma mente extraordinária, apesar de que não conseguimos usar nem a metade da capacidade mental que temos. Conforme dizia Raul Seichas: “É você olhar no espelho se sentir um grandessíssimo idiota. Saber que é humano ridículo, limitado que só usa dez por cento de sua cabaça animal” ...
Vamos tomar como vertente de nosso pensamento essas duas questões, nossa limitação cerebral, que parece diminuir a cada dia, mesmo que aparentemente esteja aumentando o conhecimento, aliada à nossa capacidade de sermos corruptíveis. Já imaginou se a cada vez que fizéssemos alguma coisa errada, surgisse em nós urticárias, ou se voltasse ao costume antigo quando o ser humano realmente tinha vergonha na cara, veríamos várias pessoas acometidas de tal mal, o qual na verdade faz bem em certo sentido, ou seja, a urticária que avisa quando o ser humano ainda tem uma reserva de vergonha. Teríamos mais ou menos os seguintes quadros de urticária:
- O policial diante de uma situação na qual ele deveria aplicar a lei, fosse induzido à propina, corrupção ativa ou passiva;
- O padre, o pastor ou outro líder religioso que esfolam suas ovelhas, tosquiando-as e ainda tirando delas tudo o que possuem, em nome da religião;
- O político que parte para a prática da compra de votos e o eleitor pobre de espírito que se propõe a vender seu voto, arma importante na escolha de um representante;
- Os representantes que desviam milhões em verbas destinadas ao bem estar social. Etc...
Fossemos elencar os motivos e as razões para que entrasse em ação o bichinho da urticária, faltaria tempo e papel para escrever, mas, creio que com estes poucos exemplos já podemos perceber a gravidade da coisa.
A coceira é multifatorial, ou seja, pode ser causada por vários motivos. O que nos avisa em tal questão, são as células chamadas mastócito, isto falando da urticária. A outra urticária a qual me refiro, é conhecida como o bichinho que passeia na cara, geralmente quando ocorre tal sintoma, este vem acompanhado de rubor facial, também conhecida como vergonha.
As nossas células mastócitas parecem que estão falhando, não estão dando-nos o sinal, não estamos sentindo mais aquela vergonha, não estamos tendo mais o rubor facial, conforme diziam aos mais antigos: “fica vermelha, cara sem vergonha”. A cara vermelha de vergonha está sendo substituída pela “cara de pau”, lustrada ainda com óleo de peroba, para ficar mais chique. Quanto mais inteligentes parecemos ser, menos vergonha parecemos ter. Precisamos rever nossos conceitos, mudar nossos pensamentos, para que mudemos nossas atitudes, caso contrário, estaremos fadados ao fracasso.
O indivíduo que tem mente extraordinária será acometido de rubor facial acompanhado de urticária leve ou formigamento esquisito, com coceira, mais conhecido como bichinho que passeia na cara, visto que a célula mastócito (da vergonha) será acionada por questão multifatorial.
JOSÉ ANTÔNIO SOARES