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COMO RECONHECER UM CHATO

Há muita gente chata por aí. Na família, entre os amigos, colegas de trabalho, na rua... Por todo lado existe aquele curioso, de olhar atento, buscando algum motivo para criticar, tecer seu comentário maldoso e... chatear. A vida dos outros é o motivo de sua existência, assim não consegue ser discreto diante de um deslize, não contém o sorriso num embaraço, não perdoa uma falha, não se cala em nome da boa educação. É chato simplesmente.

Para reconhecer um chato é muito fácil. Basta alguém vestir uma roupa nova e logo aparece um deles para dizer: “Tá de roupa nova, hein?” O tom da voz é de reprovação, como se fosse proibido vestir algo diferente do habitual, como se fosse errado cuidar da aparência. Mais idiota ainda é aquele que pisa no pé do indivíduo que está usando um sapato novo. “É para batizar”, ele diz sem se tocar que está sujando ou estragando algo conseguido com esforço e, por isso, deveria ser valorizado. Que coisa chata!

Numa comemoração, numa festa, se o convidado bebe uma latinha de cerveja, só uma, já é o bastante para chamar a atenção dos chatos ao redor. Não se pode mais tropeçar, esbarrar em algo ou errar na pronúncia de uma palavra. Tudo passa a ser culpa da cerveja, como se o coitado estivesse bêbado. Se deixar um copo cair, então, é um alcoólatra, um viciado e passa a ser alvo de risos e comentários indecentes. É uma chatice!

E tem aquele que toca a campainha da casa a qualquer hora, sem avisar e ainda exige que seja atendido rapidamente. Se o proprietário está no banheiro ou terminando uma tarefa qualquer e demora um pouquinho, já é motivo para ouvir: “Não é possível! Dormindo uma hora dessas!” Como se existisse uma hora certa para dormir, como se fosse preguiçoso ou desocupado quem não dorme no mesmo horário que ele. O interessante é que o malcriado não pergunta, afirma sem deixar margem para uma explicação. É um chato!

De todas as chatices, no entanto, a mais difícil de suportar acontece quando a gente está com os amigos no domingo, ou numa reunião qualquer e chega a hora do almoço ou jantar. As pessoas começam a comer e, por educação, deixam os assuntos da pauta para depois. Nesse instante, o indelicado comenta: “Uai, tá todo mundo calado. Conversa, gente!” E sorri, como se tivesse contado uma piada inédita. Vai ser chato assim lá no inferno!

Dessa forma se reconhece um chato. Ele fala o óbvio, o que está diante do seu nariz, por não ter algo interessante para dizer. Não sabe que o silêncio muitas vezes é sinal de sabedoria. Reconhecer um chato é fácil; o difícil é se livrar dele. Infelizmente sempre tem um por perto.

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