Mais uma vez, passei defronte à loja e não entrei. Sei que ele está lá dentro, lindo, último modelo. O sorriso dos vendedores diminuiu meus passos, mas resisti. Não olhei para as vitrinas e segui em frente. Já é a terceira vez esta semana que consigo me conter e não me entregar a esta vontade louca de adquirir um novo aparelho de celular. Só por causa desse tal de whatsapp!
É o aplicativo do momento. As pessoas acessam a internet, enviam mensagens instantâneas de texto e de voz, compartilham músicas e vídeos, participam de grupos seletos, editam perfis, postam ideias, divulgam trabalhos, tudo através do whatsapp. Fico olhando, admirando, mas o caso me mete medo. Essas pessoas se entregam a isso de corpo e alma como se fosse um vício. Feito uma droga, a coisa vai se apossando da vida alheia, roubando-lhe o tempo, a lucidez, afastando-a dos amigos, do trabalho, dos estudos, dos bons compromissos.
É realmente maravilhoso esse aplicativo, mas um perigo. Há pessoas que almoçam e jantam com o aparelho nas mãos, levam para o banheiro, colocam debaixo do travesseiro. Muitos namoram digitando, caminham digitando, dirigem digitando. Acidentes já aconteceram. Há quem torce para encontrar o sinal fechado, pois assim dá tempo de “se ligar” mais um pouquinho. Há aqueles que digitam com as duas mãos – um craque – e por todo lado só se ouve o barulhinho das mensagens chegando.
Whatsapp não é santo. Sei que naquela telinha há infinitas informações, mas se todos ficarem ali parados, quem vai construir novos conhecimentos? Se todos optarem pelo mundo virtual será o fim do contato físico, da presença, que são mais importantes.
Vou ficar em casa até essa febre passar ou até inventarem uma vacina contra o desejo de se ter no aparelho telefônico esse tal de whatsapp. Isso é verdadeiramente um perigo!