Tem gente que adora filmes de terror. Muita gente. O mercado cinematográfico se enriquece com esse gênero de filmagem. Há sempre um lançamento no País e no mundo com casas lotadas. As locadoras de vídeo têm uma seção inteira para atender a esse corajoso público. É, tem gente que adora, mas eu não. Morro de medo de filmes assim. Passo longe do cinema onde há um cartaz desses fazendo caretas para mim. Só de ver aquelas figuras horrendas, perco a vontade de entrar. Até há poucos anos eu arriscava a assistir algum, mas logo me arrependia. Ficava lembrando daquilo o tempo inteiro, perdia o sono, tinha que acender a luz e só adormecia lá pelas tantas da madrugada.
Há inúmeros personagens medonhos. Freddy e Jason são os piores; não sei qual deles me causa mais assombros e aflições. Um tal de Boneco Assassino também já me fez passar por maus bocados; fiquei sonhando várias noites com ele em meu encalço, exibindo o sorriso indecente e a inseparável faca nas mãos. Tem um louco que usa uma serra elétrica; suei frio duas horas seguidas na poltrona de um cinema contorcendo de medo dele. Só não saí porque fiquei com vergonha dos colegas que foram comigo. Não suporto histórias de fantasmas, vampiros, lobisomens e zumbis. Desses, o mais terrível é o vampiro. Não posso ver um morcego que já fico olhando para os lados. A capa escura, as presas crescendo e os olhos mortos fixos em minha direção me tiram totalmente a paz. Só consigo dormir com a coberta tapando o pescoço.
Os filmes que tenho mais pavor são aqueles que falam do demônio. Aliás, desse bicho todo mundo tem medo. Eu não aguento ver aquela cara feia, aqueles chifres retorcidos, os dentes afiados, os olhos vermelhos e o jeito de quem, a qualquer momento, vai comer a gente. Medonhas também são aquelas histórias de espírito que entra no corpo da pessoa e começa a falar grosso, parecendo a voz do Lula, diz um monte de palavrões, ameaça, grita que o corpo é seu e que ninguém vai tirá-lo de lá. Aí aparece um exorcista qualquer para bater boca com ele. Eu me arrepio todo e fico morrendo de medo de um trem daquele atacar a gente. Lembro-me de um cartaz em que uma menina possuída estava com o pescoço virado para trás e andando no teto. Tem base?
Certa vez assisti a um filme no qual o assassino estava escondido no quarto. Quando alguém deitou, uma mão apareceu debaixo da cama e prendeu sua cabeça no travesseiro. Em seguida, uma ponta de faca começou a sair no pescoço da vítima, de baixo para cima, e o sangue começou a escorrer nos lençóis. Já tentei, mas não esqueço aquele desespero da pessoa tentando se libertar em vão. Isso já faz mais de 20 anos e até hoje sempre olho debaixo da cama antes de dormir para conferir se está tudo limpo.
Gente, o bom mesmo é assistir a um desenho animado do Rei Leão, do Timão e Pumba. Tem uns bichinhos bonitinhos, engraçadinhos, ninguém passa medo, é só alegria. Não, não é “viadagem”. Quando termina o filme, a gente vai para casa feliz com um belo sorriso no rosto. Vai dormir feito um anjinho. Humm... Boa noite.