Vou mover um processo contra a Coca-Cola por discriminação. Não é justo o que essa empresa está fazendo comigo. Ainda não encontrei meu nome impresso numa de suas latinhas. Já vi Alice, Dani, Beto e inúmeros outros, mas o meu não. Isso é discriminação! Como diz Aurélio em seu dicionário, o caso é de segregação. O nome é bonito, mas quer dizer a mesma coisa, estou sendo desprezado, diminuído. Nitidamente pode-se ver um descaso com a minha raça, minha opção sexual ou meu credo religioso. Só pode ser isso, senão meu nome já estaria estampado, com letras garrafais, numa daquelas tentadoras latinhas vermelhas.
É mesmo uma grande injustiça o que a Coca-Cola está aprontando com o “papai” aqui. Na região, sou um dos maiores consumidores desse produto. Em minha geladeira não entra outro refrigerante. Meu almoço de domingo não passa sem uma coca. Seria uma justa homenagem e uma grata surpresa encontrar meu nome numa latinha, uma só. Eu iria comemorar o fato tomando uma coca-cola bem gelada em companhia dos amigos. Mas fui esquecido até agora. Até já perdi a esperança de ser relacionado na próxima remessa.
Essa ideia da impressão de nomes nas latinhas foi genial! A maioria das pessoas agora guarda na estante, como um verdadeiro tesouro, uma latinha linda com o seu nome em destaque, exposto para quem fizer uma visita. É bom ser lembrado. Por isso acho injusto minha alcunha não ser incluída nesse rol de consumidores felizes. Já procurei por todos os cantos. Nas cidades que vou, faço uma parada nas lanchonetes, nos botecos, no baixo meretrício em busca da minha latinha premiada. Pago dobrado por ela.
Nos sites já tem gente vendendo o produto, mas ainda não achei uma só latinha dedicada a mim.
É discriminação, sim senhor! Hoje mesmo vou solicitar a intervenção do meu advogado. Não posso admitir essa injúria. Todos sabem que não troco coca-cola por nada, nem mesmo por uma cerveja. Essa paixão se estende por longos anos. Já colecionei copos, figurinhas, chaveiros, adesivos, miniaturas de garrafas, tudo que o marketing da empresa divulgou até agora. É uma imensa ingratidão não ter o meu nome em uma de suas latinhas. É isso aí, já me desabafei. Ah, eu me chamo Astrogildo.