Em seu livro intitulado “Ou isto ou aquilo”, Cecília Meireles, uma das mais célebres poetisas brasileiras, reuniu 57 poemas versando sobre os sonhos do mundo infantil. Há uma leveza nos versos, uma musicalidade nas rimas, uma ternura que encanta ainda mais os adultos, pois revive a criança adormecida, recostada no travesseiro da saudade. Cresci lendo Cecília e sou feliz por isso.
No livro citado, há um poema homônimo. E a autora diz, no alto de sua sensibilidade “Ou se tem chuva e não se tem sol, ou se tem sol e não se tem chuva.” Ela nos revela o que já sabemos: vivemos escolhendo sempre. Ou isto ou aquilo. E escolher não é uma tarefa fácil, sim de muita responsabilidade. O que será melhor para a educação? Ou isto ou aquilo. E para a saúde? Ou isto ou aquilo. Não podemos errar, depois não há como voltar e refazer.
O poema de Cecília é mesmo envolvente. De forma simples nos conclama a pensar seriamente em nossas escolhas. “Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares.” A autora nos alerta que a escolha é uma só, não se pode estar ao mesmo tempo nos dois lugares. Assim, é preciso saber escolher. O que será melhor para a segurança? Ou isto ou aquilo. E para a moradia? Ou isto ou aquilo. É necessário analisar com muito cuidado nossas preferências.
E a poetisa, que esteve entre nós até o ano de 1964, vai além. Ela nos confidencia sua grande dificuldade nas escolhas. “Mas não consegui entender ainda qual é melhor: se é isto ou aquilo.” É verdade. Todos temos o mesmo problema, por isso é preciso pensar muito bem. Esquecer os favores, os sorrisos, os presentes. Temos que pensar nos idosos, nas crianças, nos irmãos menos favorecidos pela sorte. Não se vende a liberdade, a dádiva de uma boa escolha.
Por fim, a rainha de nossa literatura acrescenta que escolher faz parte do cotidiano. “Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo... e vivo escolhendo o dia inteiro.” Assim vai ser o nosso final de semana. Vamos escolher o domingo inteiro. Meus votos de uma abençoada escolha!
