A propaganda volante está em pleno vapor. Os automóveis utilizados para esse fim se multiplicaram nos últimos dias e invadiram a cidade, anunciando uma nova mercadoria: políticos. Candidatos a inúmeros cargos são vendidos pelas ruas como se fossem frutas. É uma verdadeira promoção. Suas qualidades são anunciadas com entusiasmo com o intuito de convencer os habitantes a comprarem seus planos e suas promessas.
Nas vozes eloquentes dos locutores, pode-se notar candidatos, ou melhor, frutas de diversas qualidades. Algumas já maduras trazendo os mesmos sabores – e dissabores – de sempre; outras novas, vendendo boas imagens, ainda limpas, sem as manchas naturais do tempo. São também divulgadas frutas doces como o mel, mas já conhecidas pelo azedo gosto que apresentam depois da compra. Ainda há aquelas amargas por natureza, de cascas grossas, que apesar dos esforços não conseguem esconder o verdadeiro sabor. São difíceis de engolir. E não se pode esquecer daquelas podres, já caídas do galho, que mesmo à distância exalam seu mau cheiro contagiando o ar e a todos que as cercam.
Há frutas de todos os tipos e para todos os gostos; de todas as cores, representando os tons característicos de seus pomares de origem. Uma verdadeira salada impossível de digerir. No meio há frutas boas, mas que se perdem, misturadas às outras que são maioria. E a propaganda prossegue promovendo esse incerto produto que em pouco tempo estará na mesa de cada cidadão. Está servido?
