Produção dos EUA e formação do preço da soja
De acordo com a Companhia Brasileira de Abastecimento (CONAB), a safra brasileira de soja 2012/13 deve ultrapassar a casa das 82 milhões de toneladas. Confirmado estes números, o Brasil será o principal produtor mundial de soja. Mais do que isso, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Brasil será o maior exportado de soja do globo, comercializando mais de 38 milhões de toneladas de soja.
Em Goiás, apesar de a estiagem ter provocado uma redução na produtividade, deverão ser colhidas, aproximadamente, 9 milhões de toneladas. Do total produzido pelo estado, 3 milhões de toneladas são exportados e, deste montante, mais de 90% têm como destino a China.
O mercado tem se mostrado cada vez propício para que os produtores obtenham boas rentabilidades. Apesar do recuo de mais de 15% nas cotações internacionais, os fundamentos de mercado têm mantido o bushel da soja em patamares elevados.
Apesar da quebra da soja nos EUA não ser tão drásticas como o imaginado, fundamentos de demanda, que têm uma intensidade maior que fundamentos de oferta, estão altamente presentes no mercado. Com a produção dos três maiores produtores de soja estacionada na casa dos 230 milhões de toneladas e com a crescente demanda mundial, os estoques vão sendo consumidos, pressionando cada vez mais o preço da soja.
O caso da produção dos EUA é o que mais tem influencia na formação do preço mundial da soja e o que melhor ilustra a situação atual dos fundamentos no mercado da soja e o que melhor ilustra a situação atual dos fundamentos no mercado da soja. Da safra 2009/10 à safra 2012/13, a produção americana de soja reduziu 7,9%. Neste mesmo período, as exportações americanas recuaram apenas 2% e o uso e esmagamento praticamente se mantiveram. O resultado é um estoque de apenas 3,7 milhões de toneladas, uma relação estoque/uso de apenas 4,4% menor que a dos últimos anos.
Em relação à demanda, a China, mesmo diante da redução de seu índice de crescimento, continua mantendo seu forte apetite pela soja. De acordo com o USDA, a China importa mais de 82% de soja que consome. Na safra 2012/13 deve importar mais de 63 milhões de toneladas, crescimento de 6,4% em relação à safra passada.
No entanto, ainda há fatores que ameaçam a competitividade da safra de soja brasileira e a rentabilidade do produtor. Dentre estes fatores podemos destacar o aumento dos custos de produção, a nova legislação em relação aos fretes e as antigas questões logísticas brasileiras.
De acordo com dados da FAEG, em relação à safra 2011/12, o preço médio do fertilizante avançou mais de 15% em relação à safra atual. Com este aumento, somado o aumento do custo de defensivos e sementes, o custo de produção das lavouras de soja deve colocar a pressão na rentabilidade do produtor.
Nesse cenário, a receita continua a mesma, atenção aos custos de produção e às noticias do mercado, além de ações de mitigação de risco. Se observadas estas condições, com certeza a safra 2012/13 deve proporcionar crescimento para o País e boa rentabilidade para o produtor brasileiro.
Leonardo Machado
é assessor técnico da Faeg para a área de cereais, fibras e oleaginosas